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Continuação indireta de Ensaio Sobre a Cegueira, assim como na obra citada, Saramago continua aqui a desmascarar o inimigo; que se porventura não exista, há de ser criado, para que assim haja a quem punir e se tomar exemplo de que quem ousar sair do pacto social ou que se banhe demais da democracia e da liberdade.
Narrando uma eleição atípica em uma capital de um país fictício, no qual os eleitores optam não por se abster, mas por votarem em branco em dois pleitos sem que disso resulte qualquer complô ou artimanha para ferir a democracia, o caos e a conspiração começaram a pairar sobre aqueles que estão no poder.
Visando erradicar o dito excesso, incapazes de conceber que desanuviados de qualquer cegueira e sim de uma clareza de consciência e indignação da população, os poderes do país tão logo decidem que para evitar o desmonte da democracia, devam eles mesmos desmonta-la: instaurando o estado de sítio, abandonando a cidade de suas instituições sob um cerco armado e criando o caos para que assim seus cidadãos se arrependam do que fizeram; vez outra é nos comprovado que “não é só quando não temos olhos que não sabemos aonde vamos”.
Contando, pois, com o partido de direita ao poder, com seus ministros e primeiro-ministro empenhados em normalizar a situação, isto é, destruir o Outro, não tomá-lo como adversário e sim como inimigo, aquém de qualquer compreensão do que é político, até mesmo dentro de seus quadros inicia-se um movimento de indignação com o que deve ser feito, tornando, assim, os aliados em subversivos e também passíveis de eliminação. Corroborando uma vez mais que se a verdade não for repetida exaustivamente, deixa-se cair no esquecimento, assim como o perigo que é tomar a liberdade como anomalia.
Continuando com a crítica e reflexão acerca da cegueira contemporânea, Saramago volta aos personagens de Ensaio Sobre a Cegueira, e do pacto em não se falar daqueles dias tenebrosos, o que, consequentemente, abriu a brecha para uma nova anomalia, como é possível observar em muitos países, como o Brasil, que não puniram aqueles que deturparam sua democracia e tão logo deixaram a porta aberta para que novas tentativas de golpe fossem possíveis. Todavia, nem sempre é tarde para aprender, embora para os personagens da trama tenha sido. Eu tive uma ótima leitura.
Narrando uma eleição atípica em uma capital de um país fictício, no qual os eleitores optam não por se abster, mas por votarem em branco em dois pleitos sem que disso resulte qualquer complô ou artimanha para ferir a democracia, o caos e a conspiração começaram a pairar sobre aqueles que estão no poder.
Visando erradicar o dito excesso, incapazes de conceber que desanuviados de qualquer cegueira e sim de uma clareza de consciência e indignação da população, os poderes do país tão logo decidem que para evitar o desmonte da democracia, devam eles mesmos desmonta-la: instaurando o estado de sítio, abandonando a cidade de suas instituições sob um cerco armado e criando o caos para que assim seus cidadãos se arrependam do que fizeram; vez outra é nos comprovado que “não é só quando não temos olhos que não sabemos aonde vamos”.
Contando, pois, com o partido de direita ao poder, com seus ministros e primeiro-ministro empenhados em normalizar a situação, isto é, destruir o Outro, não tomá-lo como adversário e sim como inimigo, aquém de qualquer compreensão do que é político, até mesmo dentro de seus quadros inicia-se um movimento de indignação com o que deve ser feito, tornando, assim, os aliados em subversivos e também passíveis de eliminação. Corroborando uma vez mais que se a verdade não for repetida exaustivamente, deixa-se cair no esquecimento, assim como o perigo que é tomar a liberdade como anomalia.
Continuando com a crítica e reflexão acerca da cegueira contemporânea, Saramago volta aos personagens de Ensaio Sobre a Cegueira, e do pacto em não se falar daqueles dias tenebrosos, o que, consequentemente, abriu a brecha para uma nova anomalia, como é possível observar em muitos países, como o Brasil, que não puniram aqueles que deturparam sua democracia e tão logo deixaram a porta aberta para que novas tentativas de golpe fossem possíveis. Todavia, nem sempre é tarde para aprender, embora para os personagens da trama tenha sido. Eu tive uma ótima leitura.