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O rei D. João V faz uma promessa de construir o convento de Mafra caso sua esposa, a rainha, engravide. Para pagar a promessa encomenda uma construção colossal que vai além de qualquer expectativa, consumindo anos e vidas a fio até que seja finalmente finalizada. Em meio a esse cenário de esbanjamento monarca e clerical, somos apresentados a Baltasar sete-sóis e a Blimunda Sete-luas. O casal tem em comum um passado de tragédias e nada mais, ainda assim veem um no outro a razão de sua felicidade e juntos contam uma das mais bonitas histórias de amor.
Enquanto o convento é erguido, Baltasar e Blimunda conhecem o padre Bartolomeu de Gusmão, um homem criativo, entusiasta do conhecimento e do pensamento livre. O padre rapidamente deixa de ser uma figura religiosa de autoridade para o casal para se tornar um amigo, chega até a compartilhar seu maior segredo: a construção de uma máquina voadora.
Memorial do convento traz o a prosa inconfundível de Saramago, acima de qualquer suspeita. Se nos primeiros parágrafos os leitores desacostumados ao estilo do autor encontram algum estranhamento, isso rapidamente é substituído pela total sensação de deslumbramento que o texto passa assim que o estilo é absorvido por quem lê. Não importa se os diálogos estão quase camuflados no texto, separados apenas por uma vírgula furtiva, o estranhamento que o texto causa tem vida-útil muito curta, o que fica mesmo é a habilidade inconfundível de Saramago em conduzir uma história como se fosse o melhor maestro do mundo conduzindo uma orquestra de alto nível.
Está presente a crítica social, e aqui fica bem claro que Saramago está se apoiando alguns fatos e personagens históricos para que nos lembremos também o quão ridículos eles foram. Enquanto a construção do convento é um exercício de vaidade, demonstração de poder e ganância, a construção da máquina voadora é uma ode ao conhecimento, ao pensamento livre, à ciência. Este contraste fica ainda mais significativo quando nos lembramos que destas duas construções apenas a primeira de fato aconteceu na vida real.
Suas mais de 300 páginas e seu estilo único podem intimidar alguns leitores, mas recomendo que persista ao estranhamento inicial. Em troca você irá receber um relato histórico e mágico, uma história de amor e de liberdade, uma crítica à monarquia e à igreja católica. Tudo isso embalado em uma prosa que está facilmente entre as melhores já produzidas na história da literatura.
Enquanto o convento é erguido, Baltasar e Blimunda conhecem o padre Bartolomeu de Gusmão, um homem criativo, entusiasta do conhecimento e do pensamento livre. O padre rapidamente deixa de ser uma figura religiosa de autoridade para o casal para se tornar um amigo, chega até a compartilhar seu maior segredo: a construção de uma máquina voadora.
Memorial do convento traz o a prosa inconfundível de Saramago, acima de qualquer suspeita. Se nos primeiros parágrafos os leitores desacostumados ao estilo do autor encontram algum estranhamento, isso rapidamente é substituído pela total sensação de deslumbramento que o texto passa assim que o estilo é absorvido por quem lê. Não importa se os diálogos estão quase camuflados no texto, separados apenas por uma vírgula furtiva, o estranhamento que o texto causa tem vida-útil muito curta, o que fica mesmo é a habilidade inconfundível de Saramago em conduzir uma história como se fosse o melhor maestro do mundo conduzindo uma orquestra de alto nível.
Está presente a crítica social, e aqui fica bem claro que Saramago está se apoiando alguns fatos e personagens históricos para que nos lembremos também o quão ridículos eles foram. Enquanto a construção do convento é um exercício de vaidade, demonstração de poder e ganância, a construção da máquina voadora é uma ode ao conhecimento, ao pensamento livre, à ciência. Este contraste fica ainda mais significativo quando nos lembramos que destas duas construções apenas a primeira de fato aconteceu na vida real.
Suas mais de 300 páginas e seu estilo único podem intimidar alguns leitores, mas recomendo que persista ao estranhamento inicial. Em troca você irá receber um relato histórico e mágico, uma história de amor e de liberdade, uma crítica à monarquia e à igreja católica. Tudo isso embalado em uma prosa que está facilmente entre as melhores já produzidas na história da literatura.