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Há quem diga que é o parente mais próximo de Cem Anos de Solidão. O parentesco confirmou-se, A Casa dos Espíritos é um livro inesquecível.
Falar da história do livro e da família Trueba, é falar da história do Chile. Do conservadorismo dos governos, dos movimentos revolucionários do proletariado, da ditadura, da tortura e da morte de milhares às garras do regime. No entanto, embora seja evidente para o leitor, não há identificação de carrascos ou de heróis. Assim como Neruda é mencionado simplesmente como o Poeta, Pinochet é o Ditador e Salvador Allende o Presidente deposto. Na incógnita das personagens desenha-se a história de um país e de um povo.
A magia de Isabel Allende é misturar tão bem a realidade com o folclore e misticismo sul-americanos sem nunca nos parecer cair em exagero. As personagens são a ponte entre os dois mundos, mas tão credíveis nos seus contornos reais e fantásticos que reforçam e unem os dois universos.
À semelhança de Cem Anos de Solidão, também aqui se sente a presença constante do universo feminino. Num espaço de machismo e brutalidade masculina, o domínio dos homens é por vezes ilusório, são as mulheres o símbolo da resistência, são elas que congeminam e concretizam as grandes ideias, que amam desmesuradamente, que sofrem e sacrificam-se pelos seus homens, e tecem uma teia labiríntica de entreajuda que corrige as falhas do poder masculino.
Não foi a primeira leitura que fiz de Isabel Allende, mas foi a mais arrebatadora. A que mais me fez sentir a presença das personagens como gente de carne e osso; gente que me fez rir e chorar, sofrer com uns e enfurecer-me com outros, enquanto todos vão deambulando por entre espíritos e sussurros de fantasmas, numa existência de inevitável fatalidade.
Falar da história do livro e da família Trueba, é falar da história do Chile. Do conservadorismo dos governos, dos movimentos revolucionários do proletariado, da ditadura, da tortura e da morte de milhares às garras do regime. No entanto, embora seja evidente para o leitor, não há identificação de carrascos ou de heróis. Assim como Neruda é mencionado simplesmente como o Poeta, Pinochet é o Ditador e Salvador Allende o Presidente deposto. Na incógnita das personagens desenha-se a história de um país e de um povo.
A magia de Isabel Allende é misturar tão bem a realidade com o folclore e misticismo sul-americanos sem nunca nos parecer cair em exagero. As personagens são a ponte entre os dois mundos, mas tão credíveis nos seus contornos reais e fantásticos que reforçam e unem os dois universos.
À semelhança de Cem Anos de Solidão, também aqui se sente a presença constante do universo feminino. Num espaço de machismo e brutalidade masculina, o domínio dos homens é por vezes ilusório, são as mulheres o símbolo da resistência, são elas que congeminam e concretizam as grandes ideias, que amam desmesuradamente, que sofrem e sacrificam-se pelos seus homens, e tecem uma teia labiríntica de entreajuda que corrige as falhas do poder masculino.
Não foi a primeira leitura que fiz de Isabel Allende, mas foi a mais arrebatadora. A que mais me fez sentir a presença das personagens como gente de carne e osso; gente que me fez rir e chorar, sofrer com uns e enfurecer-me com outros, enquanto todos vão deambulando por entre espíritos e sussurros de fantasmas, numa existência de inevitável fatalidade.