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Há um sr. José de quem tenho permanentes saudades,que criou um outro sr. José que não sabia estar no mundo de forma feliz.
Ambos ( ou o mesmo) são um universo de paradoxos que exercem um fascínio tremendo nas minhas características de leitor.
O sr. José demiurgo, na sua clássica visão desesperançada sobre a realidade, exerce uma espécie de feitiçaria sobre o banal, tornando-o grotesco e sensível, delicado e rude, agressivo na acção,mas cuidadoso na reacção, que o elevam,muito frequentemente, à condição de parábola frustre.
O sr. José personagem,no classissimo de uma existência crua, hierarquizada e rotineira, insufla a confrangedora solidão com essa magia, e procura, obstinadamente, um resgate identitário que lhe aqueça um pouco os pés.
Para lá das referências ideológicas latentes,de uma angústia obstinada,crescente e distópica, esconde-se uma preciosa reflexão sobre a identidade e a fronteira forjada entre a vida e a morte. Num livro de pequenos gestos ( fascinantes pequenos desvios que crescem numa lenta mas crescente espiral) mas grande maturidade,fica a ideia mais humanizada do autor.
Este que é, possivelmente,um dos títulos menos celebrados da bibliografia do sr. Saramago,foi, provavelmente,aquele que mais prazer me deu.
Obra Prima!
Ambos ( ou o mesmo) são um universo de paradoxos que exercem um fascínio tremendo nas minhas características de leitor.
O sr. José demiurgo, na sua clássica visão desesperançada sobre a realidade, exerce uma espécie de feitiçaria sobre o banal, tornando-o grotesco e sensível, delicado e rude, agressivo na acção,mas cuidadoso na reacção, que o elevam,muito frequentemente, à condição de parábola frustre.
O sr. José personagem,no classissimo de uma existência crua, hierarquizada e rotineira, insufla a confrangedora solidão com essa magia, e procura, obstinadamente, um resgate identitário que lhe aqueça um pouco os pés.
Para lá das referências ideológicas latentes,de uma angústia obstinada,crescente e distópica, esconde-se uma preciosa reflexão sobre a identidade e a fronteira forjada entre a vida e a morte. Num livro de pequenos gestos ( fascinantes pequenos desvios que crescem numa lenta mas crescente espiral) mas grande maturidade,fica a ideia mais humanizada do autor.
Este que é, possivelmente,um dos títulos menos celebrados da bibliografia do sr. Saramago,foi, provavelmente,aquele que mais prazer me deu.
Obra Prima!