Sempre que um escritor incia a tarefa de escrever sobre outro escritor, seja em formato fictício ou biográfico, ou mais arriscado ainda, uma mistura de ambos, o leitor se aproxima cuidadosamente e, ligeiramente, com desconfiança.
Este "James Joyce" de Edna O’Brien é um exemplo maravilhoso de uma biografia curta, mas incisiva, de um dos maiores escritores do século XX. Obviamente, a autora é uma grande fã do biografiado. Isso fica evidente no texto.
A autora parte da inúmeras (e monumentais) pesquisas sobre a vida de Joyce e, em pequenos capítulos incisivos, conta numerosos momentos do cotidiano do escritor, da sua relação com Nora, da sua família e dos numerosos territórios onde viveu durante o longo exílio da sua amada Dublin. Trieste, Roma, Zurique e Paris são assim presenças no livro, sendo espelho do caráter de exílio - e das dificuldades inerentes - que foi grande parte da vida de Joyce.
Ao longo do livro, O’Brien também explora a obra de Joyce, dando particular destaque a "Ulisses", a que dedica páginas interessantes. Os detalhes analíticos desses capítulos são particularmente interessantes para mim, pois partirei amanhã na tentativa de ler "Ulisses".
O'Brien's portrayal of Joyce is strikingly unsympathetic. However, in her view, the artist surpasses the man. He simply consumes everyone in his way, for that is what artists are inclined to do. There is no cruelty without 'Ulysses'. It is as if Joyce's artistic genius is intertwined with a certain ruthlessness. His actions, perhaps, are driven by an insatiable need to create and explore the human condition. While his behavior may be seen as callous by some, it is this very quality that gives birth to his masterpiece. 'Ulysses' stands as a testament to his boldness and unwavering dedication to his art. O'Brien's perspective challenges us to look beyond the flaws of the artist and appreciate the profound impact of his work.