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Tudo começou com uma maçã… Não, não estou a falar do mítico pomo do pecado que escorraçou a raça humana para fora do idílico paraíso. Falo antes daquela que, pelo peso associado à sua maturação ou à fraqueza do ramo que a carregava, atingiu a cabeça de Isaac Newton, ofertando-lhe a ideia fulcral que culminou na Lei da Gravidade. É essa força que nos mantém pregados à Terra e impede de flutuarmos eternamente pelo mundo dos sonhos.
Não sei que raio de força me impeliu para esta leitura mas acredito que tenha sido algo a que possamos chamar de destino, numa ilustração clara da Lei da Acção-Reacção. Quiçá o seu título poético, quiçá as opiniões tão ambiciosas, levaram-me a querer provar este fruto catalogado como proibido. A cada novo mordiscar, o leitor escalpeliza várias relações amorosas, estabelecidas a outros tantos níveis, sempre com a arte como pano de fundo. E, ao olhar para a carne deste fruto, tem acesso a uma outra dimensão, onde o tempo decorre mas não de forma cadenciada - cruza-se, recua e avança para ofertar diferentes imagens.
Nesta panóplia de metáforas, perigosas para o amor, floresce a teoria do retorno, onde a efemeridade da vida não termina na sua duração mas repete-se em sucessivos ciclos porque infelizmente os autores das histórias de vida pecam pela falta de originalidade. O conhecimento desta triste sina, conduz aqueles que vivem enredados na trama a uma vertigem imensa pela queda motivada pela falsa percepção de leveza, que carregamos em todo o nosso peso – de culpa, de sentimentos, de histórias, de vida… Este jogo de opostos não se resume apenas as estas definições. Somam-se muitas outras que são clarificadas ou complicadas na indecisão carregada por cada ser que, negando a sua essência, se esventra num kitsch, gerado pelos regimes totalitários opressivos, que ambientam a história.
Continuando a brincar aos contrários, a guerra fria é então combatida pelo calor de dois corpos juntos. Tudo vem embrulhado pela crítica de um autor que não se limita a narrar factos mas quebra a quarta parede (terceira folha!?) e apresenta um conjunto de reflexões para a vida e de frases líricas (algumas delas elencadas abaixo) que embevecem qualquer um com o coração no centro do peito e o cérebro protegido pela sua calote.
Li a última página e encerrei o livro, com a plena convicção de que todas as palavras ficaram vincadas em mim, como uma tatuagem. Sempre acreditei que há momentos certos para ler determinadas obras e o actual revelou-se ser o mais indicado para desvirginar esta história. E infelizmente não poderei cumprir a primeira (e derradeira) lei de Newton: há aqui um querer por viver a vida, inibindo qualquer inclinação para a inércia.
"A cultura está a desaparecer numa infinidade de produtos, numa avalanche de letras, na demência da quantidade." (pág. 112)
"Então, perguntou a Franz: «E porque é que de tempos a tempos não te serves da tua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força»(...)" (pág. 121)
"Quando nos encontramos perante uma pessoa que se mostra amável e cortês para connosco, é muito difícil estar sempre a pensar que nada do que está a dizer é verdadeiro (...) Para duvidar (...) é preciso um esforço gigantesco, e também ter algum treino (...)" (pág. 200)
"O kitsch e a estação de correspondência entre o ser e o esquecimento." (pág. 299)
"Se eram felizes, não era apesar da tristeza, mas graças à tristeza." (pág. 313)
"(...) a felicidade é o desejo de repetição (...)" (pág. 318)
Não sei que raio de força me impeliu para esta leitura mas acredito que tenha sido algo a que possamos chamar de destino, numa ilustração clara da Lei da Acção-Reacção. Quiçá o seu título poético, quiçá as opiniões tão ambiciosas, levaram-me a querer provar este fruto catalogado como proibido. A cada novo mordiscar, o leitor escalpeliza várias relações amorosas, estabelecidas a outros tantos níveis, sempre com a arte como pano de fundo. E, ao olhar para a carne deste fruto, tem acesso a uma outra dimensão, onde o tempo decorre mas não de forma cadenciada - cruza-se, recua e avança para ofertar diferentes imagens.
Nesta panóplia de metáforas, perigosas para o amor, floresce a teoria do retorno, onde a efemeridade da vida não termina na sua duração mas repete-se em sucessivos ciclos porque infelizmente os autores das histórias de vida pecam pela falta de originalidade. O conhecimento desta triste sina, conduz aqueles que vivem enredados na trama a uma vertigem imensa pela queda motivada pela falsa percepção de leveza, que carregamos em todo o nosso peso – de culpa, de sentimentos, de histórias, de vida… Este jogo de opostos não se resume apenas as estas definições. Somam-se muitas outras que são clarificadas ou complicadas na indecisão carregada por cada ser que, negando a sua essência, se esventra num kitsch, gerado pelos regimes totalitários opressivos, que ambientam a história.
Continuando a brincar aos contrários, a guerra fria é então combatida pelo calor de dois corpos juntos. Tudo vem embrulhado pela crítica de um autor que não se limita a narrar factos mas quebra a quarta parede (terceira folha!?) e apresenta um conjunto de reflexões para a vida e de frases líricas (algumas delas elencadas abaixo) que embevecem qualquer um com o coração no centro do peito e o cérebro protegido pela sua calote.
Li a última página e encerrei o livro, com a plena convicção de que todas as palavras ficaram vincadas em mim, como uma tatuagem. Sempre acreditei que há momentos certos para ler determinadas obras e o actual revelou-se ser o mais indicado para desvirginar esta história. E infelizmente não poderei cumprir a primeira (e derradeira) lei de Newton: há aqui um querer por viver a vida, inibindo qualquer inclinação para a inércia.
"A cultura está a desaparecer numa infinidade de produtos, numa avalanche de letras, na demência da quantidade." (pág. 112)
"Então, perguntou a Franz: «E porque é que de tempos a tempos não te serves da tua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força»(...)" (pág. 121)
"Quando nos encontramos perante uma pessoa que se mostra amável e cortês para connosco, é muito difícil estar sempre a pensar que nada do que está a dizer é verdadeiro (...) Para duvidar (...) é preciso um esforço gigantesco, e também ter algum treino (...)" (pág. 200)
"O kitsch e a estação de correspondência entre o ser e o esquecimento." (pág. 299)
"Se eram felizes, não era apesar da tristeza, mas graças à tristeza." (pág. 313)
"(...) a felicidade é o desejo de repetição (...)" (pág. 318)