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Fenomenal, a Oresteia: Agamémnon e Euménides em primeiro, em mérito equiparáveis; Coéforas em segundo, não por isso menos notável.
Surpreendi-me ao pensar que o final da primeira peça pudesse ser o ponto alto da trilogia, pois revejo nas Euménides o expoente máximo da perícia lírica de Ésquilo. Embora a primeira seja, de facto, a peça que mais explora o «carácter trágico da tragédia», é nesta última que o poeta revela toda a sua mestria e irreverência, no bom sentido do termo, a ponto de adulterar a sorte há muito estabelecida dos deuses. Seguramente mais aliciante que Sófocles, pelo menos se compararmos qualquer uma das três peças, mesmo as Coéforas, a Rei Édipo, excluindo já as suas dissemelhanças estruturais.
Pequeno aparte final: pensa-se que Ésquilo (525-456 a.C.) tenha escrito cerca de 90 peças, das quais apenas 7 sobreviveram à impiedosa passagem do tempo. Devemos, pois, indagar até que ponto desconhecemos a amplitude da sua obra e a grandiosidade do seu génio, por certo já bem fixada pelo pouco que nos chegou. A essa interrogação corresponderá sempre um certo fascínio, tanto maior, creio, quanto a nossa curiosidade procurar saber.
Surpreendi-me ao pensar que o final da primeira peça pudesse ser o ponto alto da trilogia, pois revejo nas Euménides o expoente máximo da perícia lírica de Ésquilo. Embora a primeira seja, de facto, a peça que mais explora o «carácter trágico da tragédia», é nesta última que o poeta revela toda a sua mestria e irreverência, no bom sentido do termo, a ponto de adulterar a sorte há muito estabelecida dos deuses. Seguramente mais aliciante que Sófocles, pelo menos se compararmos qualquer uma das três peças, mesmo as Coéforas, a Rei Édipo, excluindo já as suas dissemelhanças estruturais.
Pequeno aparte final: pensa-se que Ésquilo (525-456 a.C.) tenha escrito cerca de 90 peças, das quais apenas 7 sobreviveram à impiedosa passagem do tempo. Devemos, pois, indagar até que ponto desconhecemos a amplitude da sua obra e a grandiosidade do seu génio, por certo já bem fixada pelo pouco que nos chegou. A essa interrogação corresponderá sempre um certo fascínio, tanto maior, creio, quanto a nossa curiosidade procurar saber.