Maravilhosa a ficção curta de Herman Melville. Moby Dick é o livro cimeiro, a sua obra-prima, embora Bartleby, Benito Cereno e o marinheiro Billy Budd sejam inesquecíveis.
Billy Budd
“entregava-se por vezes a um estado de espírito sonhador. Sozinho sobre a coberta, a barlavento, com uma mão a segurar o cordame, ficava a olhar perdidamente o mar sombrio. Se num desses momentos o viessem importunar com qualquer assunto de menos importância, daria sinais de maior ou menor irascibilidade, mas logo se dominaria. (...) o capitão Vere era uma personalidade excepcional. Ao contrário do que aconteceu a muitos famosos marinheiros ingleses, não se deixou absorver totalmente pela longa e árdua tarefa que exercia com exemplar devoção, não se limitou a viver o exercício da sua profissão. Tinha uma acentuada tendência pelas coisas intelectuais. Adorava livros e nunca empreendia uma viagem sem fornecer de novas obras a sua biblioteca, pequena, mas recheada do melhor. As solitárias horas de ócio, bem difíceis de suportar, a que por vezes, e mesmo quando em missões de combate, os comandantes estão sujeitos, nunca eram de tédio para o capitão Vere. O seu gosto literário não o levava a uma leitura mais agradável pela forma do que pelo conteúdo; as suas preferências iam para os livros que naturalmente atraem todos os espíritos superiores que ocupam um lugar de autoridade.
Obras tratando do homem e dos acontecimentos de todas as épocas - biografias e história - e escritores independentes que claramente e sem convenções, como Montaigne, falam com bom senso das realidades tangíveis.”